Meu Mundo, Como Centro
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Veja também a apresentação virtual de Trovas* da autora e a publicação de suas Poesias*, Trovas* e Contos* na íntegra.
A Vida em Prosa e Verso, Meu Mundo, Como Centro, Reflexões, Glorinha Mourão Sandoval, Português, São Paulo, Editora Ibis Libris, 2005.
Glorinha Mourão Sandoval teve trabalhos publicados em revistas, antologias e jornais. Foi laureada com troféus e medalhas, recebendo menções honrosas e especiais ao participar de concursos literários. Em 1992 publicou o seu primeiro livro, Asas do Tempo, e, alguns anos depois, Garatujas (1997).
Mineira de Poços de Caldas, filha de Dr. Mário Mourão e Placidina Mourão. Iniciou a alfabetização aos dez anos. Sua primeira professora: a inesquecível mestra Maria Ovídia Junqueira. Prosseguiu sua escolaridade na “Escola Sete de Setembro”, de Carolina Bernardes Flora. Após, apenas um ano de preparação primária, fez o exame de 4º ano no “Grupo Escolar David Campista”, dirigido por Carmem Mourão Cavalcanti, sendo a banca examinadora presidida pelo pároco Padre Eduardo Batista. Foi aprovada, com distinção. Continuou os estudos básicos no “Colégio Sion”, de Petrópolis, transferindo-se, depois, para Poços de Caldas, a fim de cursar a “Escola Normal São Domingos”, formando-se, em 1936. Casou-se, em dezembro de 1937, com Dr. Flausino Barbosa Sandoval, fazendeiro e advogado, em São Paulo. Teve quatro filhos. Fez vários cursos livres de extensão cultural, em São Paulo: Literatura Brasileira, Teologia, Filosofia Oriental, Secretária Executiva, Liderança, Cultura Inglesa, Aliança Francesa. Nas “Oficinas da Palavra” e no “Museu Mário de Andrade”, participou de cursos de Trovas, Poesia, Criação Literária, Contos, Crônicas, Redação, Trajetórias de Idéias e outros. Exerceu as seguintes atividades: Secretária de Entidades Assistenciais e Religiosas, membro do “Clube Literário de Brasília”, da “União Brasileira de Trovadores” (UBT), da “União Brasileira de Escritores” (UBE) e da “Academia Poços Caldense de Letras”. Teve trabalhos publicados em revistas, jornais e antologias. Deu entrevistas na TV e palestras em bibliotecas. Foi laureada com troféus e medalhas, recebendo menções honrosas e especiais ao participar de concursos literários. Em 1992, publicou o seu primeiro livro, Asas do Tempo, alguns anos depois, Garatujas (1997) e Fantasia (1999). Lembra, sempre, que “a vida não é só para ser vivida, mas sonhada”.
Muitas vezes, ocorre-me a passagem de São Paulo, em que, para acreditar em Cristo, caiu do cavalo, mas não foi um privilégio somente dele. Um sério acidente, no qual quase perdi a vida, fez-me parar, refletir, olhar para o céu e medir a distância, em que eu havia me posicionado, em relação ao meu Senhor. Então, decidi reencontrá-lo, doando-me um pouco. Meu primeiro serviço, em minha paróquia, foi de catequista, num parque infantil: “Introdução Religiosa”, para crianças não alfabetizadas. Tal trabalho foi gratificante. Era encantador mostrar o “Papai do Céu”, através de sua Criação, àqueles pequeninos, tão curiosos a respeito de tudo. Daí, fui para a Escola Paroquial “Sampaio Vidal”, preparando turmas para receber a primeira Eucaristia. Foi uma época de engrandecimento espiritual, pois, em cada ensinamento transmitido, sentia a revelação do Senhor. Na verdade, nunca soube se era a mestra, ou aluna. Nessa mesma época, procurava elucidar-me, freqüentando aulas para a formação de catequistas: aprofundamentos religiosos, através de palestras, círculos bíblicos, cursos rápidos, ou livres, de teologia. Assim, de degrau em degrau, cheguei a ser secretária geral da “Associação e Oficinas de Caridade Santa Rita de Cássia”, tendo maior contato com o próximo carente. Pude, desse modo, notar a face do Cristo sofredor, estampada na figura do oprimido, injustiçado e marginalizado. E, com humildade, reconheci minha incapacidade diante de tão grande problema social. Também, por dois anos, participei de encontros de evangelização básica, orientados por Ana Flora e Frei Gorgulho. Após, tornei-me palestrante, procurando transmitir e esclarecer a “Boa Nova” para um grupo das Igrejas: Perpétuo Socorro, Coração de Maria e da Associação Santa Rita. Na minha paróquia, pertenci ao Conselho Paroquial, como coordenadora da equipe de Liturgia e primeira secretária do Apostolado de Oração. Nesses serviços, tive a oportunidade de estar em contato, quase diário, com pessoas, que viviam o cristianismo. Durante um ano, freqüentei o Curso de Pastoral da Saúde, na Igreja São Francisco, trabalhando com doentes, no Hospital Matarazzo. Tinha a intenção de mostrar-lhes o “Cristo da Esperança”, que nos fazia aceitar a doença, a dor, apontando o caminho para a Casa do Pai. Investida como Ministra da Pastoral da Saúde, em cerimônia solene, foi-me permitido ministrar a Santa Eucaristia. Sentia-me feliz com essa orientação de vida. O viver tornou-se mais fácil, desde que passei a olhar meu próximo com compreensão, tolerância, perdão e muito amor. O servir a Deus, com meu trabalho, tornou minha carga leve. Estava honrada e agradecida ao Senhor, por sentir-me um de seus instrumentos, propagando a fé, a esperança e a caridade.
Culturas são padrões de comportamento e atitudes, caracterizando uma sociedade. Sua aquisição ou transmissão é um processo social: motivo pelo qual se usa o termo “herança social”, sendo seu fundamento a linguagem. O conhecimento de um povo é, principalmente, adquirido pela necessidade de sobrevivência. Vem passando de geração para geração, surgindo, então, o artesanato regional, a medicina, a ciência popular e o folclore. Nas democracias, há a preocupação de elevar o nível cultural das massas populares, dando-lhes o ensejo de melhorar seus conhecimentos: seja em escolas de diversos graus, através de vídeos educativos, seja em jornais, rádio, televisão e outros meios de divulgação, quer nos centros urbanos, como rurais. O esclarecimento informativo popular deixou de estar num círculo fechado, abriu-se a todos, proporcionando maior desenvolvimento do ensino/aprendizagem, graças aos meios de comunicação. Assim, a cultura das massas transforma, policentriza, correspondendo cada vez mais às expectativas da sociedade, sendo que a sua difusão envolve, também, um vasto universo de consumo e lazer.
Como me surpreende este “eu” de mim. Às vezes, tenho atitudes que não são minhas e até me desconheço. Onde estava “eu”, quando me zanguei, tão seriamente, com aquele garoto ao maltratar um animal? Perdi toda a timidez. Sem receio de que a mãe achasse ruim, gritei, tomei defesa do indefeso, pouco importando com as conseqüências. Foi um ato de bravura? Um gesto de amor? Encarnação de São Francisco? E o “eu”? Ficou de lado? Depois do acontecido, refleti: “Seria capaz de ter esse comportamento em escala maior? Como reagiria diante de uma violência? De uma infâmia? De uma injustiça? Teria coragem de reclamar em voz alta, ou seria omissa, vendo e calando?” Dai-me forças, Senhor, para bradar diante de erros, maus-tratos e desamor. Fazei com que o meu “eu” possa dominar o orgulho, o egoísmo, quando assim se tornar necessário. Que pense sempre nos outros e, certamente, isto será o melhor para mim. Que meus caminhos sejam o altruísmo, a justiça e a caridade. E que este paradoxo supremo da santidade seja o lema para o meu “eu”: a conquista da plenitude, pela renúncia, da vitória, morrendo e não matando, da riqueza, dando e não guardando. Esta é a lei do amor, da bondade e da dedicação, virtudes, que superam os dons do saber e do poder. É o domínio do “eu” sobre o “mim”.
Quando o passado e o presente se tornam um, e as realizações, que pertenceriam ao futuro, são completadas num viver pleno, teremos atingido a idade provecta. Então, em visão panorâmica, sentiremos o passar de uma existência. Pesaremos os momentos amargos, ou felizes, as dúvidas e as afirmações, os fracassos, os obstáculos ultrapassados, as frustrações e as lutas vencidas. Como é estranha a vida e curta! Imprevisivelmente, passamos, por ela, insatisfeitos. No íntimo, ao desejar atingir metas fora de nosso alcance, cujo valor real desconhecemos por completo. Com isso, desperdiçamos etapas e perdemos o mais fácil de se conseguir: uma vida tranqüila, singela e plena de felicidade. Não ambicionemos o mundo aos nossos pés, mas tenhamos pés firmes, na travessia de nosso mundo. Aquele que nos foi destinado a viver.
Dizem que o homem tem duas infâncias: a dos primeiros dias de sua existência e a dos últimos de sua vida terrena. Os dois extremos encontram-se. Por quê? Tentemos analisá-los. A criança, assim como o velho, vive o momento presente: a primeira, porque nada sabe sobre a vida; o segundo, porque já teve experiências. A debilidade física e o entendimento lento são encontrados, não raramente, em ambos: na criança, porque ainda não atingiu o seu desenvolvimento completo e, no velho, porque é normal, com o avançar da idade, haver, gradativamente, a decadência de seus tecidos. Na primeira infância, os passos de uma criança são vacilantes, assim como o raciocínio lógico, que virá somente com o decorrer do tempo. O velho apresenta, também, um andar trôpego, pois suas forças estão gastas, e um pensamento cheio de lapsos, falhando, freqüentemente, a memória. Geralmente, velhos e crianças têm um bom relacionamento, talvez, pela procura inconsciente de afeto, segurança e apoio. Crianças e velhos estão presentes nas preocupações sociais. Muitas são as leis civis e religiosas elaboradas para protegê-los. A criança representa o futuro, e o velho a luta pela sobrevivência. Nas crianças, os homens depositam suas esperanças e, nos velhos, espelham seus exemplos, tentando corrigir falhas e aperfeiçoando suas bem-sucedidas experiências.
iDiante dos obstáculos apresentados pelas dificuldades do viver (fogão), sentimos quão frágeis e vulneráveis somos (panela de barro). Portanto chegou a hora de transformar a fraqueza em fortaleza. A motivação está dentro de nós, basta procurá-la. Usando o sentimento, o raciocínio, a palavra, o agir, com coragem e disposição, encontraremos as orientações à meta almejada. Espelhemo-nos em exemplos magníficos: veja Madre Teresa de Calcutá, uma religiosa de saúde precária, sem recursos, apenas com força interior e dedicação. Sua obra assistencial aos desvalidos chamou atenção de nações poderosas, melhorando a situação de milhares de miseráveis. “Panela de barro”, uma vez curtida, torna-se rija, resistente como pedra! Sejamos vigorosos, como uma rocha. Não nos assustemos com as labaredas da vida. Devemos lutar sempre contra os impactos negativos do dia-a-dia. Que a derrota de hoje nos impulsione para a vitória do amanhã! É nossa oportunidade: ajudar é honra, que nos compete. Sigamos destemidos pelos caminhos e, certamente, alcançaremos, num futuro próximo, ou remoto, a alegria de ver um mundo melhor.
- As Palavras da Cigarra - A fábula, A Cigarra e A Formiga, de La Fontaine, é bastante conhecida. A cigarra, em pleno inverno, para não morrer de frio e fome, pede abrigo à formiguinha. Esta lhe nega, com palavras bem cruéis: “Você cantou durante todo o verão, pois dance agora”. Antes, porém, que a egoísta formiguinha batesse à porta na cara da cigarra, ela, com o pouco de vida, que lhe restava, retrucou: - Ingrata! Durante toda a estação quente, cantei sim, mas para tornar mais leve seu trabalho. Dei-lhe forças com minha maviosa voz, enquanto você, exausta, deixava cair o alimento transportado. Cantava, bem me lembro, pois sou cantora de nascença. Toda natureza aprecia meus ciciados: anunciando o nascer do dia, o cair da chuva, o vento soprando e a noite descendo. Toda floresta admira meu assobio longo, anunciando a chegada do calor. De que se queixa? Como um relógio, aviso o aparecimento do sol, que vocês, formiguinhas, precisam se movimentar, para terem provisões quando o frio vier. Cantar também é trabalhar! A alegria, que espalho com meus sons, como um instrumento musical, na orquestra harmoniosa da natureza, eleva a energia dos viventes. Aceite-me em sua morada e resguarde-me, porque, do meu cantar, depende sua satisfação no servir.
- Releitura da mensagem do filme - Trata-se da luta solitária de uma gaivota à procura da perfeição. É o simbolismo do ser humano, na ânsia de atingir a liberdade, num crescente vertical, em busca da luz, da verdade. Múltiplas são as mensagens de vida nessa filmagem, tais como: o espaço e o tempo não são reais. Cabe, a cada um de nós, preenchê-los da melhor forma possível. Devemos vencer as barreiras das limitações, dos conhecimentos, das frustrações. O fracasso de hoje nos prepara para a vitória do amanhã. Todos aqueles, que escapam das normas do dia-a-dia, são, a princípio, considerados como excêntricos e até como loucos, pois sofrem duras críticas! Com o passar do tempo, muda-se a visão do mundo e só, então, serão reconhecidos como iniciadores de leis básicas para um comportamento ideal. O ódio e a vingança a nada levam. Vivamos o amor. O que passamos de bom e produtivo servirá de modelo às gerações futuras. Sigamos à frente, abandonando o comodismo. Lutemos para ultrapassar os temores. Como a pequena gaivota, esforcemo-nos para voar em direção à luz. Que seja nossa meta o Bem-Supremo: “Deus”. * Bach, Richard - A História de Fernão Capelo Gaivota - Editorial Nórdica Ltda. - RJ - s/d
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