Veja também a apresentação virtual de Trovas* da autora e a publicação de suas Poesias*, Contos* e Reflexões* na íntegra.

A Vida em Prosa e Verso

abertura

currículo literário

Trovas
abismo	emoção	magia
adeus	encanto	mágoas
angústia	entardecer	mar
anjo	enxurrada	mares	remorso
anjos	escravo	melão	retrato
areia	espaço	mentira	rocha
ausência	espelho	miragem	rosa
bailarina	espera	miragens	rosto
beijo	esperança	mundo	saudade
caminho	estrela	música	semente
cantiga	festa	noite	sementes
capricho	flor	nostalgia	sempre-viva
carrossel	flores	nuvem	serenata
castelo	fumo	olhos	sombra
céu	girassol	ondas	sorriso
chave	graça	outono	sorte
coruja	gratidão	paineira	tempo
delícia	inverno	paixão	trabalho
derrotada	janela	pequerrucha	travessia
desejo	jardim	perdão	vento
despedida	lágrima	pipa	verão
desprezada	laranjas	primavera	vida
doce	lírio	princípio	violão
dor	luar	recordações	vitória

Abertura

A Vida em Prosa e Verso, Trovas, Glorinha Mourão Sandoval, Português, São Paulo, Editora Ibis Libris, 2005.

Currículo Literário

Mágoas

Sofro mágoas, tantas, tantas!
Silêncio sem compaixão.
Tu negas respostas, quantas,
para o aflito coração.

Lágrima

Quisera lágrima ser,
para em sua face correr.
Dos lindos olhos nascer
e, em doces lábios, morrer.

Doce

É doce não sei de quê,
eu sinto, nem conto quando,
disseram-me que é porque,
sem querer, estou te amando.

Estrela

Primeira estrela, que vejo,
dá-me, na vida, um romance.
É tudo que mais desejo:
um amor a meu alcance.

Rosa

Com a névoa, como manto,
a fada na madrugada
aumenta a graça e o encanto
daquela rosa orvalhada.

Como rosa desfolhada,
nosso amor assim ficou.
Sem esperança e sem nada,
pois tudo o tempo levou.

Rosa, expressas só vida,
desde que brotas do chão.
Sem que mudes tua lida,
eu te quero em meu caixão.

Desprezada

Por meu amor desprezada ,
lancei-me em outra ventura,
mesmo que, também, dê em nada,
esquecê-lo é minha jura.

Gratidão

Em sinal de gratidão,
elevei as mãos ao céu,
porque vivo neste chão.
Ao Brasil, tiro o chapéu.

Sorte

Às vezes, a sorte surge,
não perca a oportunidade.
Tempo, sem vez, hora urge,
possuí-la é felicidade.

Sorte, mentira gostosa,
ilusão, desilusão.
É, às vezes, mentirosa,
quando a vida me diz não.

Duas faces tem a sorte:
ensolarada de dia
e, à noite, neblina forte,
sombras vãs de uma alegria.

Surge a sorte, lá um dia,
sozinha, sem hora ou vez.
Depois, a melancolia
vem, aos pares, dois por três.

Dor

Ao partir, como legado,
deixo memórias de amor,
viver ido, meu amado,
foi você, saudade e dor .

Vida

O que fiz de minha vida?
Cada minuto saudade.
Tristeza, com volta e ida,
desfeita a felicidade.

São duas estradas, na vida,
em que passam meus amores:
flores e delírios, na ida,
na volta, suspiros, dores...

Em busca do amor, parti.
Teve fim a minha lida:
ao chegar perto de ti,
encontrei o céu na vida.

Amei. Amei você tanto!
A vida nos separou...
Saudade, sem conta e quanto!
Morrendo de amor estou.

Areia

O pequeno grão de areia
enfrenta fúria do mar,
no chão, rola, luta e anseia
viver ao sol e ao luar.

Ausência

Vendo o mundo de um mirante,
notei ausência de amor,
como verdade gritante,
tristeza, miséria e dor.

Só, minha alma solitária,
triste, chora por perder-te...
És ausência imaginária,
erro em querer esquecer-te.

Encanto

Você, toda encanto e graça,
transformou meu coração,
pois sorvi, em sua taça,
doce sabor da paixão.

Despedida

Se amor dura uma vida,
hei de amar-te até morrer.
Se morrer é despedida ,
nenhum adeus irás ver.

Recordações

No cofre do pensamento,
a memória transparece:
recordações, meu tormento!
Pois quem ama nunca esquece...

Vento

Você, semelhante ao vento ,
soprou sobre minha vida,
despertando pensamento
de carícia, já esquecida.

Jardim

Do jardim, o mais formoso
botão-rosa, botão-flor,
delicado e primoroso,
feito todo para o amor.

Beijo

Seu beijo, adeus, uma rosa,
recordações de um amor!
Daquela união amorosa,
restou só amargo sabor.

Rosto

Tanto rosto tem a vida,
expressa dor e alegria.
Felicidade vivida,
dos dois rostos, qual teria?

Perdão

Foste por mim rejeitado,
tentei esquecer-te em vão.
Pelo remorso abalado,
peço-te: “Volta, perdão!”

Espelho

Diga-me toda verdade:
–Espelho, espelho meu,
existe alguém, com idade,
que ame tanto quanto eu?

Espera

Neste lembrar e esquecer,
assisto à vida rolar,
à espera do acontecer,
vejo o sonho evolar.

À espera de grande amor,
gastei toda a juventude.
Vivi ilusões e dor,
fadário, com plenitude.

À espera de tua partida,
ansiosa, quase morri!
Querido, tu és minha vida,
como viverei sem ti?

Trabalho

Creio que você não sabe.
Se sabe, finge e não crê.
Trabalho para que acabe
este meu amor por você.

Um trabalho me consome,
sem encontrar solução:
como colocar meu nome,
dentro de seu coração?

Tempo

Tanto amor, na minha vida,
todo tempo uma tortura...
Muita ilusão já perdida,
mas a esperança perdura.

Louco carrossel de vidas!
Com tempo brinca, girando
pelas horas vindas e idas,
ao futuro nos jogando.

Buscando o tempo perdido,
voltei, procurando amor.
Atrás de um sonho esquecido,
achei decepção, dor.

Viver num tempo sombrio,
temer o quê, depois?
Conflitos, mundo sem brio,
Que será do amor a dois?

Meus desejos, com empenho,
levo tempo a realizar.
Porém lindos sonhos tenho,
soam castelos em ar.

O tempo sempre girando...
Dia, noite, ou nunca mais.
Ventura, parti buscando,
e cheguei tarde demais.

Angústia

Partiste de vez, no entanto
nem mais chorar consegui,
a angústia secou meu pranto,
de tanto sofrer por ti...

Promessa, uma agonia,
na angústia, só de lembrança.
Triste uma dor, que vagueia,
em um sonho de esperança.

Tanta angústia já senti,
pensando em só recompor
cada flor, que, em ti, perdi,
entre um beijo, afeto e dor.

Luar

Ao luar, em seu clarão,
a sombra de um anjo vi,
julguei ser uma visão:
era saudade de ti!

Capricho

Penso em você, com ternura,
desde jovem, tanto amor!
É capricho, que perdura,
provocando imensa dor.

Delícia

Que delícia o beijo seu!
Porém sei que me fez mal.
Grande vontade me deu:
quero, também, o original!

Enxurrada

Voejam notas musicais,
como enxurrada de sons.
Trazem risos, também, ais,
saudades, em vários tons.

Cantiga

Preta velha, tão querida,
na cantiga de ninar,
conta um história vivida,
muito além do imaginar.

Preta velha, tão querida,
na cantiga de ninar,
doce fantasia e vida,
um embalo faz sonhar.

Remorso

Quando o remorso me prende,
sofro por muito te amar.
Lembrança tanta me rende,
eu te vejo, sem te olhar.

Serenata

Suave serenata, no ar,
lembra “alguém” em meu romance.
Tão perto de me encontrar,
tão longe do meu alcance!

Outono

Como outono nebuloso,
é o homem na maturidade:
sentimento temeroso,
luta por felicidade.

Inverno

Velhice é inverno, em vida,
dias frios, imperfeitos.
Tanta recordação ida
dos vários caminhos feitos.

Semente

Plantei semente de amor,
bem dentro do coração.
Senti só tristeza e dor,
convivi com a ilusão.

Plantei semente de amor,
bem dentro do coração.
Senti só tristeza e dor,
convivi com solidão.

Mentira

Sua paixão foi mentira,
deu-me tamanha ilusão!
Tento esquecê-lo, sem ira,
amando-o tal como irmão.

Chave

Quem me dera ter a chave
e abrir seu coração,
pondo dentro, bem suave
de meu amor, a porção.

Noite

Nesta vida, muita gente
trabalha de sol a sol.
Agüenta o duro batente
e faz da noite, um lençol.

Graça

Sua graça, bailarina,
deslumbrou meu coração!
Você mudou minha sina,
tornou-se toda emoção.

Paineira

Frondosa, velha paineira ,
em tua sombra, abrigaste
seres sem eira nem beira.
Aragem, jamais negaste.

Magia

Terno olhar de tal magia!
Trouxe-me amor e esperança,
pois, vivendo o dia-a-dia,
caminho com segurança.

Violão

Quebraram meu violão,
música toda espalhada,
tristeza no coração.
Sem o meu cantar, sou nada!

Travessia

Travessia é como a vida,
nisto, está todo o tormento!
Tais desejos, sonhos, na ida,
mágoas a todo momento.

Rocha

Firme, como a rocha dura,
ao vento forte soprada,
meu amor é que perdura
sempre, você, minha amada!

Desejo

Na entrelinha do desejo,
em que um sonho “sim” é “não”,
dádivas dúbias, revejo
e nada se passa em vão.

Vitória

A vitória inconcebível,
nenhum homem pode armar,
pois é, de todo impossível;
parar o vento ou mar.

Ondas

Ondas, em dança corrente,
trazem, às praias, o mar.
Mas o destino da gente,
quem sabe, aonde vai parar?

Laranjas

Ambas, laranjas e pessoas,
cumprem sinas desiguais:
umas são doces e boas,
outras, amargas demais.

Melão

Foi meu lenço perfumado,
com fragrância de melão ,
o seu aroma aspirado
trouxe a volta da ilusão.

Mundo

Ó mundo, meu triste mundo!
Deserto, só desamor!
Do poço, cheguei ao fundo,
árvore seca, sem flor.

Saber dos “alguéns”, no mundo,
é sentir-se desolada.
Penso: desamor profundo,
justiça sempre calada.

Há vários mundos lá fora,
qual sonho, que nunca vi.
Poeta, o versejar flora,
todo seu mundo é aqui.

Flores

Ao chegar a primavera,
a terra, em cores, se agita.
E há, nas flores, quimera
de uma beleza infinita.

Caminhando, num arco-íris,
vi o mundo através de cores.
Tal beleza, em minha íris,
tanta paz, amor e flores.

Ó primavera florida!
Pétala feita de cores!
Que bela explosão de vida!
Alegre festa das flores.

Colocar flores na trova,
esperando as cores ver.
É mistério a toda prova,
que se esconde em seu poder!

Flor

A flor, que foi meu presente,
terminou no chão jogada.
Você por mim nada sente,
mensagem foi decifrada.

Para terminar, sem falha,
o Pintor, deste Universo,
ao léu, seu pincel espalha,
dando à flor matiz diverso.

Por que insistes nesse amor?
Coração, também, esquece.
Como a pétala da flor,
assim, o afeto envelhece.

Paixão

Pela ausência prolongada,
minha tão grande paixão,
qual corrente arrebentada,
destroçou meu coração!

Quão ardente é meu amor,
ao te beijar, que paixão!
Chego a sentir até dor,
queimando meu coração.

Pequerrucha

Linda pequerrucha minha,
que olhei somente uma vez.
Partiu, com asa branquinha,
para o além... Foi-se de vez.

Festa

Tal como luz que se apaga,
numa festa que termina,
também, por amor se paga,
quanta ilusão, que ruína!

Entardecer

Vendo o entardecer da vida,
com cabelos tão grisalhos,
choro pela ilusão ida
e desprezo os sonhos falhos.

Sinto o entardecer da vida,
cabelos a pratear.
E, na juventude ida,
fracassos a prantear.

Sorriso

Tudo passa, de verdade.
Na vida, tudo tem fim.
Só não passa a tal saudade,
seu sorriso para mim.

Seu sorriso de criança,
com beleza de uma flor,
fascina com a pujança,
retrata puro esplendor!

Primavera

Tão saudosa adolescência,
qual primavera da vida.
Com afeto, em efervescência,
magia não esquecida.

Verão

Inconstante juventude,
tempestade de verão.
De amores, em plenitude,
elevada excitação.

Pipa

Uma pipa, que se solta,
lá de cima do telhado,
pula, roda, gira e volta:
dançarina, em seu bailado.

Carrossel

Meu carrossel de emoções,
repleto de inseguranças,
girando só ilusões
de amor, sonhos e esperanças.

Fumo

Ninguém deve, nesta vida,
fumo da paixão soprar.
Às vezes, brasa escondida
pode chama despertar.

Caminho

Vou caminhando sozinho
e pagando os meus pecados.
Ainda é longo o caminho,
tropeço em passos cansados.

Ver o distante passado,
podendo um dia voltar.
Um outro caminho, amado,
seria sempre te amar.

Janela

Da janela, ao mundo ir,
projeto gestos de vida
e choro, em vez de sorrir,
com a imagem recebida.

Esperança

Plantou semente de amor,
criação de um Novo Reino.
Deu esperança ao sofredor,
ao caminheiro, um destino.

Espaço

Vou reservar um espaço ,
no centro do coração
e prendê-lo, com abraço
para sempre. Que emoção!

Neste mundo convulsivo,
colocaria um espaço
só de amor para o ser vivo,
ao invés de um estilhaço.

Vou reservar um espaço,
bem dentro do coração.
Devagar e passo a passo,
quero tê-la com paixão.

Olhos

O brilho dos olhos teus,
sinto dentro de meu ser.
Qual estrela luz de Zeus,
diz coisas só para eu ver!

Emoção

Vi na rua, com emoção ,
crianças a mendigar.
Sós, famintas, pés no chão,
a quem justiça clamar?

Bailarina

Como as luzes, que se apagam,
quando o baile chega ao fim,
também, os sonhos se acabam,
bailarina, a vida é assim...

Música

Sempre inesquecível música,
algo em mim, que alguém levou.
Sons de melodia única,
que minha mágoa gravou.

Estranha música foi,
nas rodas desengonçadas
do velho carro de boi:
“Cancioneiro das Estradas”.

Sombra

Felicidade é fumaça,
névoa, na estrada da vida,
tal qual a sombra, que passa,
evolando-se em seguida.

Anjos

Ó anjos, cheios de luz!
Ó anjos, cheios de cor!
Onde tudo só reluz,
levem longe a minha dor.

Anjo

Um anjo, tal qual o vento,
soprou sobre minha vida,
despertando pensamento
de carícia, já esquecida.

Envolto à névoa, surgiu
anjo de raro esplendor.
Mas uma brisa o levou...
Era sonho, sofredor

Sementes

Plantei sementes de amor,
brotaram mágoas sem fim.
Afinal, que triste dor,
ver-te tão longe de mim.

Coruja

No trampolim da floresta,
mesclada de sombra e luz,
a coruja, de uma fresta,
vê presa, ao ninho, conduz.

Adeus

Adeus ... Um lenço acenando.
E, na emoção singular,
sinto a dor, que vai chegando,
quando fores viajar.

Derrotada

Sou, no entardecer da vida,
a saudosa namorada.
Desde o adeus, na despedida,
pelo amor, fui derrotada.

Escravo

Escravo de uma paixão,
minha angústia é sem fim.
À procura de ilusão,
a saudade mora em mim.

Nuvem

Senti que subia ao céu,
em uma nuvem. Não crê?
De branco, grinalda e véu,
pois o noivo era você!

Castelo

Tranquei sonhos num castelo,
fui caminhar pela vida.
Da alegria, perdi o elo,
desde instante da partida.

Saudade

Saudade, nome de vida,
que mora dentro de mim.
Quando estás longe, querida,
a minha dor não tem fim.

Lírio

Luzes brancas, qual um círio,
formas leves de esplendor.
Cada pétala do lírio
traça gestos de um amor.

Viver, sem melancolia,
choros, lamentos ao léu.
Adeus, é final de um dia,
lírio aberto ao céu.

Girassol

Eu seria um girassol,
quando em flor me transformasse.
Toda cor, no arrebol,
ao anoitecer, fechasse.

Sempre-Viva

Folha de um diário antigo,
sempre-viva desfolhada.
Todo romance contigo:
pétalas secas, mais nada.

Nostalgia

Nostalgia, a tal saudade,
leve fumo, que se esvai.
A perder, na imensidade,
desfaz, em neve, que cai.

Sinto, em mim, a nostalgia,
barco à vela, rumo ao mar.
Vento e ondas, em magia,
esperando retornar.

Nostalgia, uma aurora,
aonde os suspiros vão.
Quem me dera estar no outrora,
dias, que passados são.

Nostalgia, coisa minha,
tristeza, que tanto traz.
Vá nas asas da andorinha,
leve a dor, que mal me faz.

Nostalgia, uma saudade,
no viver, o grande amor.
Não sabia de verdade,
tanto amor é também dor.

Viver sempre em nostalgia,
tanta tristeza ao léu.
Adeus! Afinal, um dia,
os rogos vão para o céu.

Céu

Saudade é noite infinda,
dá vontade de chorar.
Céu de estrelas, vejo ainda,
refletindo seu olhar.

Escuras noites sombrias,
nem estrelas, céu fechado!
Não a vendo, há vários dias,
sou um triste enamorado.

Eu sonhei que ao céu subia,
pois era o seu bem-querer.
Apenas, eu não sabia,
só, no sonho, pode ser!

O luar, no céu, flutua,
quem já o viu brilhar ao léu?
Deus fez as noites de lua.
Pôs, nos olhos seus, o céu.

Retrato

O retrato de minha alma,
com solidão singular,
sem risos e tanta calma,
dá vontade de chorar.

No espaço de um tempo ao vento,
a vida, que valeria?
Retrato fixa o momento,
do que foi, não mais seria.

Princípio

No princípio, um puro amor,
ferindo-se em desenganos.
Não há prazer, sem a dor,
e nem mágoa a durar anos.

No princípio, só ternura!
Que a faz atraente assim?
Você tão meiga, tão pura!
Sempre flor, em meu jardim.

A princípio, um sorriso,
todo açúcar, feito sonho.
E vagam, no ar, sons e riso,
nasci um poeta tristonho.

Abismo

Um abismo, entre nós dois,
separou nossa estrada.
Tantas coisas vêm depois,
que, hoje, só resta nada.

Sempre que a felicidade,
ao passar por meu rincão,
deixa abismo de saudade,
sombreando todo chão.

Miragem

Miragem, sonho dileto,
ganhei no Natal da vida.
Quis olhar-te mais de perto,
esfumaçou-se: vã lida!

Além das nuvens: miragem!
Carneirinho, carneirão.
Raios de sol, sua imagem,
lá no céu, longe do chão.

Olhos fecham cansados,
encontrando uma miragem.
Tantos sonhos realizados,
nessa tão curta viagem.

Pequena linha separa
o real e essa miragem.
O amor não se compara,
é a mais linda viagem.

Miragens

Folhas secas, que navegam,
pela enxurrada das ruas.
Miragens, ao léu, carregam,
espelhando imagens tuas.

Mar

Cruza um bote solitário,
nesse mar, que encontra o céu.
Um desenho imaginário,
em um transparente véu.

O sol se deita no mar,
uma luz, na água, flutua.
Meu sonho paira, no ar,
e vejo-me toda tua.

Muitas barcas, muitos remos,
cortam as ondas do mar.
O tempo, em que chegaremos,
não se pode calcular.

Tal qual as ondas do mar,
meus amores vão e vêm.
Sim, eu sei que custa amar,
quando um sonho acaba bem.

Mares

Tantos mares para nós.
Quantas, tantas primaveras!
Mas, agora, estamos sós,
mergulhados em quimeras!

 

 

		© claudia houdelier - todos os direitos reservados.